sábado, 25 de outubro de 2008

Publicamos aqui a análise de um professor sobre a greve do Estado (as conclusões políticas são de sua autoria e não são responsabilidade dessa página)

MAIS UMA GREVE NA EDUCAÇÃO
Altair Mamare*

Aqui uma opinião quanto a esta greve e aos atores desta comédia chamada educação em Goiás. Para quem quiser ver, foi publicado no jornal O Popular que 48000 alunos não sabem ler, segundo pesquisas feitas nas escolas. tivemos uma greve e nada mudou. Vejamos os fatos:

1 - A greve foi mais política do que uma greve de reivindicação. O movimento está ficando desacreditado já que seus líderes só convocam greve. não me lembro dos professores terem sido convocados a participarem de nenhum seminário, mini-cursos ou de palestras, atualização, etc. creio que passa da hora do sindicato rever os seus objetivos, de apresentar propostas mais consistentes e viáveis.

2 - Quanto ao governo, este fez o seu papel, disse no primeiro momento um NÃO, e se fez de surdo e cego, manteve-se distante do problema que parecia não ser dele. E não é, afinal desconheço que filhos, sobrinhos ou parentes de primeiro e segundo graus dos governantes estejam em escolas públicas.

3 - Os pais tem uma grande responsabilidade, pois me parece que estão mais interessados a se verem livres de seus filhos, por um período de 4 horas do que acompanharem a educação dos mesmos, já que raramente comparecem na escola para participar da vida escolar de seus rebentos. eles se esquecem que dentro de 10 anos, seus filhos terão dificuldades para se empregarem, devido a baixa escolaridade.

4 - Os grandes responsáveis são os professores, devido a desunião que existe na classe. Foi só falar em corte de ponto que iniciou o retorno. Fico decepcionado, já que no meu ponto de vista, professores pertencem a uma classe intelectualizada e politizada, e portanto devem ter um comportamento diferenciado e de vanguarda e muitos não o tem

Primeiro é necessário reconhecer que uma ordem judicial não devemos discutir, mas obedecer, sob pena de desacreditarmos de todas as leis.

Mas creio ser possível a dedicação exclusiva dos professores, ou seja, quem é do município no município, e quem é do Estado no Estado. Normalmente os professores trabalham nas 2 redes para obterem um salário razoável que gira aproximadamente em torno de 3 mil reais.

Se o Estado pagar este valor por 8 horas diárias de trabalho, creio que a folha de pagamentos da educação se reduzirá, já que muitos contratos serão dispensados. Os contratos não ficarão desempregados, pois com a dedicação exclusiva haverá vagas na rede municipal. Assim, mesmo que um professor esteja fora da sala de aula ele estará presente no colégio, o que permitirá um plantão imprevisto caso aconteça de faltar algum professor, sempre haverá na escola outro e o aluno não ficará sem as aulas.

Assim estes projetos inócuos, como o Acelera, Aprender, Aprendizagem, passarão a de fato funcionarem. Desta forma acabaremos com esta falácia de todos pela educação, já que todos são muita gente e muitos não fazem nada.

É preciso apenas de alguns para serem aplaudidos pelo excelente resultado ou vaiados pelo fracasso, quando se tem muitos ninguém faz coisa alguma. A escola pública está tão mal que até mesmo alguns professores pagam escolas particulares para seus filhos.

* Professor de filosofia e história da rede estadual

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