quinta-feira, 6 de novembro de 2008

TRABALHO ESCRAVO


Goiás é líder em trabalho escravo: mais um crime do latifúndio


Os latifundiários de Goiás são responsáveis por mais dois crimes absurdos contra os camponeses pobres. Dois jovens camponeses de 23 anos morreram em decorrência de acidente de trabalho em uma Usina localizada na cidade de Porteirão, localizada no sudoeste goiano. O primeiro jovem morreu depois de uma queda de uma altura de 7 metros e o segundo morreu em decorrência de uma barra de metal que atingiu sua cabeça. A Delegacia Regional do Trabalho encontrou nessa cidade cerca de 200 trabalhadores em situação de escravidão no mês de novembro.

Nesse mês de novembro foi divulgado relatório da atuação do Ministério do Trabalho (MTE), informando o senado na semana passada sobre a situação do trabalho escravo no Brasil. O Estado de Goiás aparece como líder em trabalho escravo, com 867 trabalhadores libertados, seguido de Alagoas com 656 trabalhadores, Pará com 592 e Mato Grosso com 407.

Para os técnicos do Ministério, a situação de escravidão do trabalho é crônica no setor sucroalcooleiro (cana-de-açúcar), principalmente para as atividades de plantio, onde grande parte desses trabalhadores encontra-se em situação análoga a da escravidão. Essa versão é questionada por André Rocha, presidente do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Açúcar e Álcool de Goiás (SIFAEG), que acredita que existe uma perseguição do Ministério ao setor, afirmando que “é preciso uma análise proporcional. Este é o setor que mais emprega hoje. São 59 mil trabalhadores em Goiás e as fiscalizações tem sido específicas nele”, e ainda, se a fiscalização não fosse concentrada somente no setor sucroalcooleiro “veria problemas no emprego em plantações de soja, mandioca, milho e vaias outras”. Ou seja, o Sr André não deixa de reconhecer a escravidão e a exploração, porém, nos demonstra que o problema é muito mais grave do que os dados oficiais apontam, sendo generalizada a situação de escravidão no campo em Goiás e no Brasil.

O chamado agronegócio é o principal responsável pelo crescimento da economia goiana na última década. A produção nos vários ramos agrícolas aumentou de forma considerável. O setor Sucroalcooleiro (cana-de-açúcar) teve uma incrível expansão no estado de Goiás nos últimos anos, com incentivos do Governo federal e estadual. O presidente Luís Inácio chegou a chamar os usineiros de heróis e os seus ministros já anunciaram pacotes de bondades para o setor, perdoando e refinanciando as dívidas, além da garantia da disponibilidade de crédito nesse momento de escassez internacional.

Por outro lado, para manter uma alta taxa de lucro do setor, os latifundiários procuram utilizar todas as formas arcaicas de produção. Procuram manter o trabalhador na mais brutal exploração, exigindo o máximo do trabalho. E é justamente por esse motivo que o trabalho escravo permanece de forma presente em todas as regiões do país e os dados do Ministério do Trabalho demonstram a permanência desse por todas as regiões do país.

Outro fator importante, em que os movimentos sociais devem ficar atentos, são os impactos da crise econômica internacional no Brasil. Já podemos perceber uma elevação do preço dos insumos e fertilizantes agrícolas, aumentando ainda mais o custo da produção, além do risco de se plantar com a flexibilidade do câmbio. Portanto, não é garantida a comercialização da próxima safra e muito menos estimar os preços de mercado em que serão negociados. Por esse motivo toda forma de economia em matéria prima, força de trabalho, meios de produção, etc, é importante para se manter altas taxas de lucro para o setor sucroalcooleiro. O primeiro lugar onde os patrões, de uma forma geral, cortam gastos, é o trabalho, por esse motivo é necessário fazer medidas para intensificação da exploração do trabalho. É por isso que o trabalho escravo vai se intensificar nos próximos anos, como uma necessidade de manutenção do lucro do setor aos níveis das últimas décadas.

Esse processo de exploração não tem sido simples e tem aflorado as várias contradições de classe presentes no setor sucroalcooleiro. Por esse motivo várias greves foram realizadas pelos trabalhadores do setor, exigindo melhorias salariais e nas condições de trabalho. Esse é o caminho dos trabalhadores, o da luta sem trégua por melhoria nas condições de vida e por uma nova democracia.