terça-feira, 4 de novembro de 2008

TRABALHADORES ENTRAM EM CONFLITO COM A PM E SEGURANÇAS PRIVADOS EM BARRO ALTO - GO!


(Anglo-American em Barro Alto)

Ocorreu no dia 2 de novembro um conflito entre trabalhadores e força repressiva do Estado, na cidade de Barro Alto - Go, em uma obra da Anglo-American. Cerca de 400 trabalhadores entraram em conflito depois da tentativa de prisão de um trabalhador em refeitório da mineradora. Os manifestantes queimaram cerca de 64 alojamentos, queimaram um carro da polícia e realizaram um protesto que durou cerca de 6 horas.

Barro Alto é uma pequena cidade do norte goiano. Teve sua formação ligada aos movimentos de resistência negra quilombola. Sua população vivia principalmente da vida camponesa e rural até a instalação de indústrias transnacionais que estavam de olho em seu sub-solo, já que encontra-se grande riqueza mineral ali, principalmente o ferro e o níquel.

(Localização de Barro Alto)

A Anglo-American é uma das maiores empresas do mundo no ramo da mineração. Com o incentivo do Governos estaduais e federal, a Anglo-American vêm se espalhando por todo o Brasil, roubando através das lesivas exportações para o exterior, as riquezas minerais do país.

Essa empresa, como todas as grandes transnacionais, possui um forte esquema de segurança privada para controlar todos os passos dos trabalhadores, vigiando alojamentos, controlando os hábitos e mantendo uma rigorosa disciplina de trabalho.

Para as empresas transnacionais conseguirem uma melhor eficiência no controle dos trabalhadores foram desenvolvidos diversos estudos teóricos do capitalismo. Com o objetivo de elaborar um método de exploração mais racional e eficiente do tempo de trabalho e do espaço da fábrica, conduzindo a uma maior produtividade do trabalhador, é que foram desenvolvidos esses estudos da exploração do trabalhador desenvolvida nas empresas capitalistas. O mais famoso desses estudiosos foi Taylor, que deu origem ao conceito de taylorismo, ou seja, o controle absoluto do trabalhador com o intuito de aumentar a produtividade da empresa capitalista.

A Anglo-American contratou diversas empresas nacionais, sendo a Camargo Correia a mais importante, para tomar conta dos "peões" das obras da Anglo-American. O nível de exploração dos trabalhadores era o mais intenso possível. Esses dormiam em alojamentos fornecidos pela empresa, que mantinha dura rotina de trabalho. As câmeras de segurança registravam todos os movimentos dos trabalhadores, até no banheiro existiam câmeras escondidas, tudo é vigiado. Uma empresa de segurança mantinha o controle dos funcionários, sendo acionados ao sinal de qualquer distúrbio.

No domingo, dia 2 de novembro, feriado, a situação era extremamente tensa no local. Um cartaz na entrada da empresa anunciava o estado de tensão. Eram zero dias sem acidentes de trabalho, ou seja, um dia antes havia ocorrido um acidente, alterando os ânimos dos operários. Bastava um fato para estourar esse barril de pólvora.

Um operário chegou na lanchonete do local para assistir um jogo de futebol. O trabalhador estava sem camiseta, o que é contrário as regras da empresa, que não admitem funcionários andarem sem camiseta em locais comuns. O responsável pela lanchonete pediu de forma arrogante para que o operário se retirasse do local, onde esse falou que não iria sair. Chamaram a segurança, que tentaram retirar o operário a força, do qual foi impedido pelos outros operários do local. Chamaram a polícia para retirar o operário do local. A polícia prontamente foi atender os interesses da empresa. Chegando ao local os policiais passaram a gritar com o operário que respondeu na mesma altura. O policial falou que era desrespeito a autoridade e deu voz de prisão. Os outros operários impediram que o seu companheiro fosse preso pela polícia, tomando-o das mãos dos policiais.

Revoltados com toda a situação de exploração, cerca de 400 operários partiram para a revolta contra os seus patrões. Passaram a apedrejar a polícia e a segurança privada, o que fez com que esses se retirassem dalí. Um dos participantes do protesto gritou: "vamos queimar tudo!", o que foi prontamente atendido por seus companheiros, que incendiaram o carro da polícia e da segurança privada, além de 64 alojamentos. A revolta durou seis horas e só foi contida depois de negociação com os operários.

Como resposta a rebelião dos operários da Anglo-American, a Camargo Correia iniciou um processo de deslocamento e demissão de trabalhadores. A revolta desses operários demonstra o estado de tensão existente dentro das várias empresas brasileiras, demonstrando o nível explosivo que a luta de classes atingiu no país. A insatisfação revoltosa desses operários não acabará, já que o sistema implementado nessas empresas é de extrema exploração. Esse fato nos demonstra como desdobra a situação revolucionária que se desenvolve no país, sendo uma expressão objetiva das contradições no chão da indústria, entre capital e trabalho.

VIVA A LUTA DOS OPERÁRIOS DA ANGLO-AMERICAN!
ABAIXO AS DEMISSÕES COVARDES!
NÃO ACEITEMOS A EXPLORAÇÃO CAPITALISTA!